quinta-feira, 16 de maio de 2013

Quanto mais luxo, mais sustentabilidade

Ao contrário do que dizem por aí: “O que é bom dura pouco”, no mercado de luxo tudo tende a durar para sempre. No mercado mundial recente desde a industrialização, o consumo descartável é o que impera. Quem compra um Iphone 5, já pensa no Iphone 6, e daí por diante.

Em um mundo demasiadamente focado na pouca durabilidade dos produtos, visando o desejo pelo descartável, pelo novo ou pelo mais atualizado que vem a seguir, o mercado de luxo vive plenamente na contramão desta atitude comercial. E porque valorizar tanto isso? Simplesmente porque isso é totalmente sustentável.

A “descartalização”, que muitos atribuem seu surgimento na década de 1920, nada mais é do que uma inteligente estratégia de mercado que visa garantir um consumo freqüente, rápido e constante através da insatisfação, vazio e vícios de consumo. E funciona muito bem, pois os produtos são criados para satisfazer as necessidades temporárias daqueles que os compram, tenham vida curta ou tornem-se obsoletos em um breve espaço de tempo, permitindo que novos produtos sejam criados para serem adquiridos e a roda econômica do consumo de massa rode mais e mais intensamente.

O termo mais usado é Obsolescência Programada, apoiado na teoria da conspiração da lâmpada doméstica, que de acordo com a história contada, teria sido maquiavelicamente bolada para durar 1.000 horas, ao invés das 2.500 horas de uso, ou até mais que isso, pois permitiria aos produtores uma garantia de venda de novas lâmpadas aos seus consumidores a um prazo seguro.

Mas ao mesmo tempo, devido à escassez de matéria-prima, e de diversos problemas econômicos e ambientais, esse consumo é severamente criticado, e vemos que o desenvolvimento sustentável está na agenda do dia do planeta. Em épocas de crises financeiras, o mercado de luxo é o alvo preferido de críticas do público: é fútil, exagerado, egoísta, algo criado para favorecer poucos beneficiados a custos abusivos e humilhantes diante de tanta desigualdade social.
Mas ao olharmos com uma visão mais aprofundada do luxo, ele atrai uma atenção especial, pois os produtos do luxo têm fatores que os associam à ecologia, meio ambiente e sustentabilidade.

Um produto de luxo é feito para durar. É feito em pouca escala. Tem o critério de utilizar matéria-prima e mão de obra certificada, abominando trabalho escravo ou produtos sem procedência ou histórico positivo.

Literalmente, a essência do verdadeiro luxo é o máximo de qualidade, a originalidade e a raridade. Sendo assim, podemos afirmar que o luxo é recurso obcecado pela sustentabilidade de seus recursos. O Luxo é o real inimigo da sociedade descartável, já que uma maleta de luxo, é feita artesanalmente, com materiais de altíssimo padrão, resultando em uma durabilidade ímpar, que passa de pai, para filho, e de geração para geração, resultando em uma criação de mais valor, de modelo de negócio distinto e eficiente.

O luxo cria uma moda intrigante, pois se uma marca de massa é literalmente criada com base na obsolescência planejada, a marca de luxo se torna objeto de desejo, pela sua raridade. Tanto isso é verdade que a grande maioria dos carros de luxo produzidos estão em uso, ou ainda funcionam. Marcas como Louis Vuitton, Ferrari, Porsche dão assistência vitalícia a quem compra produtos originais de suas empresas.

Curiosamente, o cliente do luxo não deseja mudanças radicais em parte de seus produtos adquiridos, um bom exemplo disso é a Hermès com suas bolsas que se mantém basicamente com o mesmo estilo há décadas. A herança é uma parte fundamental do seu valor.

A estratégia perfeita ao meu ver, de uma marca de luxo é a sua singularidade.

Por que pagar 12 mil reais em uma bolsa, cuja função é a mesma que uma bolsa de 80 reais? A resposta está em se tornar distinto, pois possuir esta bolsa cara imediatamente indica ao meio, que esta é uma pessoa de posses, muita elegância, gosto e status, alguém único perante a maioria.

Outro ponto em favor do luxo é o turismo, hoje o que há de mais chique é visitar e se hospedar em locais onde exista a preservação da natureza, consciência ecológica, uso de energias sustentáveis e respeito ao meio ambiente.

E isso nos leva a uma interessante conclusão: enquanto recebe críticas intensas do público em geral, o mercado de luxo, acaba por ser o melhor exemplo de como ter um projeto de gestão da sustentabilidade. Ao escolher seus recursos, sua matéria-prima, quem confecciona e em quais condições, é criado um padrão elevado de qualidade do que é produzido.

Obviamente, a meu ver, o mercado econômico vive essencialmente das vendas em massa, porém, os critérios a serem tomados devem ser revistos, já que é inaceitável a compra de um produto gerado a partir de trabalho escravo, de matança indevida de animais, ou de extração criminosa.

A partir daí, todo produto poderá ser taxado de luxo ou premium, desde que tenha critérios elevados de confecção. E os de luxo, luxo mesmo, aqueles que poucos ou raros podem adquirir, irão sempre existir, para contemplar ainda mais a exclusividade e serem sempre a referência maior do que pode e deve ser o padrão pleno de qualidade.

Com isso tudo posto em prática, comprar o luxo será ainda mais bacana em todos os sentidos!

Escrito por Claudio Prado Jr.
Para contratar este palestrante: (11) 2221-8406 ou



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