Cinco anos atrás publiquei o artigo que repito hoje. Entre outros
adjetivos, fui chamado de racista. Provavelmente desta vez serei ainda
mais esculachado, mas é importante rever à luz dos últimos
acontecimentos a expectativa criada 5 anos atrás. Desta vez não houve
brochada... Lembre-se: o que você vai ler agora foi escrito em 2007.
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Lá vem o negão... Cheio de paixão... Te catá, te catá, te catá... Foi
em 1994 que o Cravo e Canela – um daqueles grupos musicais que surgem
com um sucesso para desaparecer em seguida – lançou a música “Lá vem o
negão”.
Pretendo mandar a música de presente pro Zé Dirceu e seus
companheiros. Eles saberão que por “negão” me refiro a Joaquim Benedito
Barbosa Gomes, primeiro negro nomeado ministro do Supremo Tribunal
Federal. O ministro Joaquim Barbosa, como relator do processo do
“mensalão”, desempenhou papel fundamental na transformação daqueles 40
“suspeitos” em réus, que responderão por formação de quadrilha,
peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, etc, etc, etc...
Tem
gente que vai achar ruim – talvez até me chamem de racista – eu chamar o
Ministro de “negão”. Não percam tempo. Não existe outro termo. Ele é
negão, sim senhor, um rótulo politicamente incorreto, mas impossível de
ser substituído. Afro-brasileiro não carrega o afeto que o termo “negão”
expressa. Tem que ser “negão” mesmo...
Ligar a televisão e ver
sua figura, o único negro num grupo de brancos – a maioria com expressão
de supremo enfado –, lutando para que a justiça prevaleça, tem sido um
sopro de esperança para quem achava que o Brasil não tem mais jeito.
O Brasil tem jeito, sim. Quem não tem são alguns “brasileiros” que continuam achando que estão acima do bem e do mal.
O
ministro Joaquim Barbosa – negro de origem humilde – talvez ainda não
tenha percebido o que representa para a sociedade brasileira. Precisamos
desesperadamente de referências políticas e culturais nas quais
possamos confiar. De suas mãos podem sair decisões que vão ajudar a
colocar o Brasil nos trilhos. E num momento em que a mídia só dá espaço
para oportunistas, bandidos, aproveitadores e medíocres, o negão Joaquim
surge para nos redimir. Para baixar a crista dos que acham que podem
tripudiar sobre a Justiça e a Moral.
Pois o negão que se cuide.
Junto do Procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, está
sob os holofotes. Será acusado de “jogar para a platéia”, de ególatra,
de golpista e todos aqueles adjetivos que a turma dos quarenta usa
quando se sente ameaçada. Torço sinceramente para que não apareça um
daqueles “dossiês” capazes de manchar seu passado. Pois saiba, senhor
Ministro, que tenho a impressão de que o Brasil está a seu lado. O
Brasil branco, o Brasil negro, o Brasil rico, o Brasil pobre, o Brasil
honesto. O Brasil que o senhor representa. Continue sendo o negão, cheio
de paixão, defendendo a dignidade e transformando quadrilheiros em
réus. Precisamos de exemplos. Precisamos de referências. Sejam elas
brancas, amarelas, vermelhas ou negras.
Cata eles, Ministro. A trilha sonora a gente já tem.
Correção necessária: ele não é o primeiro negro Ministro do STF, e sim terceiro. Mas é o primeiro negro a presidir o STF.
Escrito por Luciano Pires
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